segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A mulher é fragmento

Pingos de névoa desfeitos nas lembranças, 
Ainda molham aquela cama
Que reclama a ausência de pele e de pêlo

As flores e folhas de esperança outonal 
Caíram ao longo de sua vida 
E sujam o quarto, com os resíduos de felicidade

O velho se renova e se enfeita, atuando enfim em um novo papel
Será que a água limpa as feridas do passado?

Mesmo limpo
O quarto não esquece 
O tempo não muda 
Os compassos são iguais 
Os personagens idem 
E a cama? pulsa

Ela tirou sua própria vida, dando vida aos outros 
E hoje é fragmento, de folhas, névoas quartos, camas

A mulher é fragmento 
De pulso desmedido 
De promessas e sonhos 
De palavras e toques 
E distribui suas caras 
Tentando ser uma só