Ainda molham aquela cama
Que reclama a ausência de pele e de pêlo
As flores e folhas de esperança outonal
Caíram ao longo de sua vida
E sujam o quarto, com os resíduos de felicidade
O velho se renova e se enfeita, atuando enfim em um novo papel
Será que a água limpa as feridas do passado?
Mesmo limpo
O quarto não esquece
O tempo não muda
Os compassos são iguais
Os personagens idem
E a cama? pulsa
Ela tirou sua própria vida, dando vida aos outros
E hoje é fragmento, de folhas, névoas quartos, camas
A mulher é fragmento
De pulso desmedido
De promessas e sonhos
De palavras e toques
E distribui suas caras
Tentando ser uma só