terça-feira, 12 de agosto de 2008

Guillaume Apollinaire

Guillaume Apollinaire

(Roma, 1880 - Paris, 1918)

Poeta francês. Filho natural de uma dama da nobreza polaca e de ex-militar italiano, passa os seus primeiros anos entre Roma, Mónaco, Nice, Cannes e Lyon. Aos 22 anos estabelece-se em Paris. Funda diversas revistas, exerce a crítica de arte e participa activamente nas acesas polémicas artísticas do seu tempo. Modelo do escritor vanguardista, defende a arte dos fauves (Matisse, Derain e outros), apoia o nascente cubismo de Picasso e Braque (num famoso texto, Les Peintres cubistes, de 1913) e está em contacto com Marinetti e os futuristas italianos. Em 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, envolve-se nela, e em 1916 é ferido por metralha na cabeça, de que se restabelece.

Nos seus primeiros poemas (Aurore d’hiver, Lecture, 1897-1903) cria uma atmosfera sugestiva e de penumbra tingida de sangue e carregada de augúrios funestos. Temas manifestados na sua obra são o exílio, os sentimentos penosos de separação e a atracção do exótico: evocações da Flandres (Souvenir des Flandres), da Alemanha (As renanas) e da América (L’ Émigrant de Landor Road). De entre as suas obras em prosa destaca-se muito especialmente Les Mamelles de Tirésias, drama surrealista em que mostra o seu desespero e a sua melancolia em chave de humor.

A celebridade de Apollinaire está associada à sua obra em verso. Em 1913 publica Alcools, livro de poemas que abre um novo horizonte. Apollinaire, cuja vida decorre próximo da aparição do cubismo, aplica à sua poesia fórmulas de valor plástico. Assim, escreve diversos textos em que não utiliza sinais de pontuação e elabora os famosos Caligrames, poemas gráficos de notável lirismo visual. Há na sua lírica uma ritmo acelerado e uma intenção de simultaneidade que são o equivalente literário do cubismo pictórico. O ímpeto das suas imagens em liberdade leva-o aos limiares do surrealismo. Neste momento culminante da sua actividade literária, Apollinaire, que dois anos antes supera uma ferida de metralha na cabeça, morre vítima de uma epidemia de gripe aos trinta e oito anos.
LUAR

Lua que destila mel aos lábios dos loucos
Os jardins e os burgos esta noite são gulosos e roucos
Os astros até que imitam bem as abelhas
Deste mel luminoso que escoa das parreiras vermelhas
Pois eis que bem doce e caindo do céu
Cada raio de lua é um raio de mel
Ora escondido eu concebo a aventura muito doce
Tenho medo do dardo de fogo que esta abelha estrela troxe
E que pousou nas minhas mãos os raios dos lamentos
E tomou seu mel lunar à rosa-dos-ventos

Guillaume Apollinaire

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

"A essência do verdadeiro amor é como apreciar uma borboleta, estando sentado na grama de um parque. Ela pousa na sua mão, e esse momento é mágico - mas se você quiser perpetuar este momento, e agarrá-la para si fechando a mão devido ao seu apego e egoísmo, você a mata.
Amar verdadeiramente é apreciar o momento presente, enquanto a borboleta está ali - pois, se para ela for melhor voar para longe, a maior prova de amor é deixá-la ir, para que ela alegre outros seres além de você, compartilhando este momento fabuloso."
(Lama Tsering, ensinamentos de Novembro de 2004)