quinta-feira, 31 de julho de 2008

http://www.slide.com/r/ZgmoNHWU3j-h41rE6VA-WY-SdcuPfmeu?cy=ok

Dê Paetes

PRORROGADO!!!
Para quem ainda não viu, não perca a chance!

O espetáculo “De Paetês” será reapresentado nesse próximo sábado e domingo, dias 02 e 03 de agosto na FUNARTE.

O espetáculo “De Paetês” é composto de várias cenas apresentadas na linguagem do circo/teatro. Uma disputa pelo amor de um garçom se transforma em um sensual tango, um sonho romântico é interpretado pelo enlace dos corpos em um duo no trapézio e vários outros exemplos em que às técnicas do circo são re-elaboradas para contar as histórias das prostitutas, garçons, dançarinas, faxineiro, e outras personagens insólitas da noite, chegando através desta mistura, aos limites do fantástico.

DE PAETÊS
Espetáculo de Circo Teatro

02 e 03 de agosto
sábado 21h e domingo às 20h
Sala Plínio Marcos do Complexo Cultural da Funarte (atrás da Torre de TV)
Ingressos a 10,00 R$ (meia entrada) e 20,00 R$ (inteira)

No Elenco:
Súlian Princivalli
Cyntia Carla
Raphael Balduzzi
Lívia Bennet
Ana Sofia Lamas
Rodrigo Amazonas
Emanuel Santana
Pedro Martins

Diogo Cerrado
Mateus Ferrari
Sara Mariano
Karen Sakayo

Com a Trupe de Argonautas artísta paga meia! (Traga sua carteira de trabalho ou comprovação de atuação na área artística)

Fotos de Débora Amorim e Caetano Maia:
http://5786539756351389696.slide.com/

quarta-feira, 30 de julho de 2008


site: http://www.ludov.com.br/

Biografia de Ludov

Há algum tempo atrás, você deve se lembrar, havia o “roqueiro”. Ele nem precisava ouvir apenas rock, realmente, mas era o cara que sabia o nome dos três guitarristas que tocaram com Keith Richards nos Rolling Stones, que tinha centenas de discos em casa (nunca emprestava para ninguém), era um bicho meio caladão, não se misturava muito nem com a turma do fundão nem com os CDFs da classe e, especialmente, estava sempre disposto a descobrir as “novidades” da música. Bandas novas, discos novos, qualquer coisa nova. Nos anos 80, esse elemento passou a ser chamado de “alternativo” ou “indie” ou algo assim. Depois, quando as rádios passaram a tocar quase que somente exclusivamente Red Hot Chili Peppers, quando as revistas de música acabaram e os cadernos culturais foram falar mais de mercado do que de música, nosso amigo ficou restrito aos guetos underground. De qualquer forma, tanto faz, porque você não precisa ser um “roqueiro”, um “alternativo” ou um indie kid para ouvir, entender e gostar do que o Ludov faz.
Este é o espírito. O Ludov já trilhou todo o circuito indie quando se chamava Maybees e chegou tão alto quanto uma banda “indie”, com suas letras em inglês, olhar tristonho e gola-olímpica, pode chegar: Dois discos independentes gravados no capricho, elogios de artistas do mainstream, da grande imprensa, público fiel, agenda de shows constante. Dali, era ou mudar para Londres para lavar pratos e viver mandando notícias de suas “turnês internacionais” por bibocas de Leeds ou trilhar mais uma vez o mesmo circuito, falar para as mesmas pessoas e ouvir os mesmos elogios. O quinteto paulista fez o que de mais corajoso e certo poderia fazer: Fechou para balanço, ergueu a pernoca e subiu o próximo degrau.
Foram dois anos compondo lentamente um novo repertório, burilando letras, arranjos, estudando timbres, criando músicas, descartando outras. A formação manteve-se praticamente a mesma: Vanessa Krongold (voz e violão), Mauro Motoki (guitarra, teclados e voz), Eduardo Filomeno (baixo), Habacuque Lima (guitarra e voz) e Vlad Rocha (este o novo integrante, na bateria). Os shows foram poucos e estratégicos, para testar as novas canções frente a velhos e novos fãs – para um grupo que desde 1995 passeia pelo Brasil todo mostrando sua música, a ausência deve ter sido complicada. Neste meio-tempo, Mauro Motoki compôs com o Ira! (o single “Milhas e Milhas”), Vanessa cantou com o Ira! e Pato Fu. Todo mundo travava contato com a nova cena de pop nacional (Bidê ou Balde, Frank Jorge, Los Hermanos) e pegava gosto por fazer-se entender em português. Depois de tudo, com Dois a Rodar, o EP que o Ludov acaba de tirar do forno, a ausência foi plenamente justificada.
A bem da verdade, a essência do som da banda ainda é a mesma – pop redondo reconhecível há quilômetros, com arestas cortantes delicadamente concebidas –, o que não explica muito, porque esta é a essência do bom pop de guitarras desde os Beatles até o Kid Abelha. O Ludov faz canções, com esmero e domínio da linguagem, com melodias assobiáveis como profissão de fé, mas com vocação jovem, urbana, por DNA. No fundo, o que separa o bom do mau pop é a convicção com que você veste a camisa – quem o faz pela fórmula, como uma concessão, está fadado ao fracasso. O Ludov passa longe disso: Dois a Rodar é uma sessão de pouco mais de 20 minutos mostrando que o pop inteligente, como desafio, no Brasil, não ficou restrito aos melhores momentos dos anos 80.
O disquinho é variado no conteúdo, mas transpira personalidade própria – o paradoxo é explicado por uma banda ao mesmo tempo estreante e veterana. “Dois a Rodar” é romantismo barroco, quase um tango guitarreiro, com versos cheios de volutas e levemente oníricos; “Da Primeira Vez” parece Antonio Marcos reencarnado no ano 2003, grudenta e evidentemente ótima para ouvir no meio de uma platéia; “Aconteceu” vem na seqüência conduzida pelo piano, mas com muitas guitarras e um clima de esperança escondido sob versos como “e num palco vazio, você me deixou/ a luz se apagou”. O clima muda com “Trânsito”, pepita pop com letra de amor delirante (platônico, claro, como só a voz de uma garota pode legitimar); “Princesa” é a mais radiofônica (“pra tocar em que rádio?” o cínico de plantão vai perguntar), uma balada conduzida ao violão que mistura cenas do cotidiano com uma meta-linguagem levemente surrealista (“como seria melhor se não houvesse refrão nenhum/ mas há”); “Melancolia” fecha o disco usando elementos lounge para suavizar seu clima de insônia e mau-amor a que o título se refere. A idéia do quinteto é usar Dois a Rodar para voltar aos palcos, enquanto negocia com selos e gravadoras interessadas, com rádios, com a imprensa.
As FMs jovens estão cheias de músculos, tatuagens, dreads e bermudões street-wear, mas vazias de canções que falem sobre um dia na vida de seu ouvinte (ou de seu leitor, ou de seu público-alvo). Ou seja, vazias do bom pop. “Vamos falar a mesma língua para o nosso bem”, verso de “Da Primeira Vez”, já diz tudo. O Ludov tem o que dizer desde os tempos de underground. Agora resolveu abrir as portas para o grande público. A festa começa.


Ricardo Alexandre
junho 2003